Já são quase cem vítimas de violência sexual em Aracaju

A Delegacia Especial de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítima (Deacav), vinculada ao Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), registrou entre os meses de janeiro e setembro quase cem boletins de ocorrência de crimes relacionados à violência sexual, número expressivo e que liga um alerta no departamento de segurança pela subnotificação aparente sobre o caso.

Os dados cedidos à Imprensa, também registram 352 denúncias de violência geral contra criança e adolescente, no mesmo período, ou seja, mais de uma uma denúncia por dia.

Segundo a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), 122 menores de idade foram atendidos na unidade dentro desse período - janeiro a setembro passados. Em números gerais, a unidade recebeu 168 pessoas para o primeiro atendimento relacionado à violência sexual. Outras 433 consultas fora relativas a retorno, segundo a assessoria da Maternidade, situada no bairro América.

De acordo com a superintendente da unidade, Lourivânia Oliveira Melo Prado, o primeiro atendimento, de urgência, nos casos agudos, tem de ser realizado nas primeiras 72h. “É feita a profilaxia e o coquetel retroviral para prevenção de gravidez e de infecções sexualmente transmissíveis. Depois das 72h, fazemos o acompanhamento dos exames, e o apoio psicológico (de seis meses a um ano), atendimento médico, de enfermagem, assistente social e acionamos os órgãos protetores. É uma grande oportunidade informar sobre o nosso serviço, que é referência para o Estado de Sergipe", afirmou.

Redução de indicadores

Lourivania também ressaltou a importância de diminuir os indicadores, principalmente quando se trata de vítimas crianças. “Esse é o nosso maior atendimento, entre 5 e 11 anos de idade e criança não mente, o problema é no adulto, que não a escuta e demora a acreditar. Os dados revelam que as crianças chegam tardiamente (abuso crônico, mais de dois meses do ato) no serviço. A criança revela o ocorrido, por gesto, palavras ou mudanças de comportamento. Além do primeiro atendimento é necessário o acompanhamento”,  relatou Lourivânia.

Subnotificação

A delegada Annecley Figueiredo destacou que essa diferença nos números do DAGV e da maternidade se dá pelos casos subnotificados e pela queda no número de denúncias. “Percebemos uma diminuição de denúncias durante a pandemia, principalmente nos meses de abril a agosto, gerando uma preocupação com os casos subnotificados. Mas com as medidas de flexibilização, os números tiveram um aumento significativo no mês de setembro”, afirmou.

Ela ainda reforçou que a mulher pode se manter segura no momento da denúncia e que esses registros podem ser feitos no próprio Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), na Rua Itabaiana; em Delegacias, ou qualquer órgão de proteção da criança e adolescente, além disso, existem dois canais remotos, o Disque 100 e 181.

Já o serviço de atendimento às vitimas de violência sexual funciona na unidade 24 horas, de domingo a domingo. A MNSL fica localizada na Avenida Tancredo Neves, 5.700, é a referência para as vítimas de violência sexual, tanto na capital quanto no resto do Estado. Independente da sua idade, sexo ou período em que foi abusada(o). O telefone para contato é (79) 3225-8679.