Itabi recebeu apenas 31 doses no primeiro lote e prefeito foi o primeiro vacinado

A cidade de Itabi, no Médio Sertão sergipano, iniciou a sua vacinação contra a covid-19 com polêmica. Isso porque o primeiro a se vacinar no município foi ninguém menos que o prefeito recém-empossado Júnior de Amynthas (DEM). Na distribuição do primeiro lote feita pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), Itabi, que tem uma população de aproximadamente 5.000 pessoas, recebeu 31 doses.

Segundo o Plano de Vacinação em Sergipe, a primeira fase engloba: trabalhadores da saúde, pessoas com mais de 60 anos que vivem em locais institucionalizados (como asilos) e indígenas aldeados. O prefeito Júnior, de 46 anos, não faz parte do grupo de risco do vírus e não está na primeira fase do plano. Das 48.360 doses destinadas a Sergipe nesta segunda-feira (18), foram enviadas 31 para o município.

Resposta do prefeito
Júnior de Amynthas publicou um vídeo se justificando na madrugada desta quarta-feira (20). O prefeito de Itabi tentou esclarecer o caso, afirmando que não houve uso de privilégios, e sim uma tentativa de encorajar a população. Ele ainda disse que, caso tentasse fazer o ato de forma maldosa, teria tomado às escondidas e vacinado também a esposa, os pais e o filho de oito anos (crianças não podem tomar a vacina).

“O vídeo é verdadeiro, mas a versão divulgada é maldosa. O vídeo foi feito pela minha própria assessoria e amplamente divulgado por mim, por representar um propósito nobre de defesa, e da saúde do povo de Itabi. Se não houvesse nobreza e boa intenção no meu gesto, teria tomado a vacina às escondidas, e vacinaria também minha esposa, meu filho de oito anos, e meus pais de 80 e 85 anos”, afirmou Júnior.

“Todos sabem como essa vacina CoronaVac está sendo desacreditada em todo o Brasil, e isso tem levado temor a muita gente, que diz que não vai tomar a vacina. Como me encontro ao lado da minha equipe de saúde na linha de frente em contato permanente com o povo, e ouvindo tudo isso, identificamos a necessidade de um encorajamento. Um estímulo para que a população aceite a vacinação com tranquilidade. Portanto, esse meu gesto como prefeito, que poderia ter sido por qualquer autoridade, teve o objetivo de mostrar ao nosso povo que ela é segura. Apenas isso. Menos maldade!”, exclamou.

Não há ilegalidade, segundo Saúde
Para o Ministério da Saúde, não há uma ilegalidade no ato em si. O parecer técnico da pasta define que cada estado trace seus planos, e não exige uma priorização padrão de cada grupo. O prefeito de Itabi, inclusive, utilizou tal teoria para se justificar do ato.

Porém, o Ministério Público do Estado (MPE) não concorda. Foi apresentada junto ao órgão uma representação para apurar o que pode ter sido um ato de improbidade administrativa. Isso porque Júnior de Amynthas não está no primeiro grupo do Plano de Vacinação do Estado.