Cerca de 260 pessoas trans em Aracaju conseguiram fazer mudanças em cartórios

Em Aracaju, cerca de 260 pessoas trans conseguiram fazer mudanças em cartórios para retificar seus nomes e gêneros, entre 2019 até o início de 2020. A retificação foi feita pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Assessoria LGBTQIA+, atendimento especializado ofertado pela Diretoria de Direitos Humanos (DDH), da Secretaria Municipal da Assistência Social.

Neste mês, é comemorado no dia 29 de janeiro o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Nesta quarta-feira (6), a Assistência Social de Aracaju realizou uma reunião alusiva à data, no prédio da Estação Cidadania, na região central da cidade, para intensificar o processo de retificações de nomes e gêneros para a comunidade trans, devido à grande procura dessa população, não apenas de Aracaju, mas de outros municípios.

De acordo com o assessor de assuntos LGBTQIA+ da Assistência Social de Aracaju, Marcelo Lima, neste mês, serão intensificadas as retificações apenas para pessoas trans devido às outras demandas atendidas pela Assessoria. “Acompanharei todas no que for preciso para que a mudança aconteça. Com essa reunião, demos início às comemorações do mês da Visibilidade Trans porque a partir das intervenções, faremos um ato simbólico no dia 29 de janeiro, entregando os novos documentos de identificação para essas pessoas. Consideramos o serviço como porta de entrada para inclusão delas na sociedade”, destacou.

Durante a reunião, o assessor falou também da importância das retificações para a população LGBTQIA+. “Aqueles que manifestam o desejo, mas ainda não tiveram oportunidade, é a hora de serem acolhidas e terem a identidade, construída ao longo dos anos, reconhecida. A partir das retificações de nomes e gêneros é possível ter acesso a benefícios de programas sociais, à saúde, à educação de qualidade e, acima de tudo, serem respeitadas”, completou Marcelo.

Acompanhado da mãe, a aposentada Damares Cavalcante, 53, o estudante Bryan Cavalcante (nome social), 18, recebeu as orientações para o início dos processos. Moradora do município de Nossa Senhora do Socorro, a família conseguiu pela Prefeitura de Aracaju.

“É um sonho. Não sabia que existia esse tipo de serviço, é muito bom. Se estivesse sozinho, poderia demorar muito mais. Quando vou ao médico, eles me chamam pelo nome de registro e por isso levo minha mãe para acharem que estão chamando por ela. Quando falarem meu nome, vou ficar mais feliz, menos constrangido”, disse Bryan.

Moradores do bairro Bugio, na zona norte de Aracaju, o atendente Luís Fernando Lopes (nome social), 21, estava acompanhado da namorada, a estudante Kimberly Santos, 17. Luís foi expulso de casa ao revelar à família a sua identidade de gênero masculina. Atualmente, ele foi acolhido por um conhecido, que cedeu-lhe espaço em sua residência.

“Conheci a Assessoria [LGBTQIA+] por um amigo que me indicou. Não tinha ideia de que existia esse serviço, não sabia por onde começar. Agora, veio esse milagre. Durante a minha vida, sempre tive o sonho de mudar o meu nome. É muito constrangimento em loja, no hospital, quando me chamam pelo nome de registro. Vai melhorar muita coisa”, contou Luís.

Atendimento
Para a população trans que tiver interesse em fazer as retificações de nomes e gêneros em documentos pessoais, basta entrar em contato com a Assessoria LGBTQIA+, pelo número (79) 9.9123-1555, ou se dirigir até o prédio da Estação Cidadania, na rua Pacatuba, 64, no Centro, das 8h às 13h.