Medicamento para controle de hanseníase não está em falta em Sergipe

O medicamento de poliquimioterapia (PQT), utilizado no tratamento contra hanseníase, está em falta em alguns Estados do Brasil desde abril do ano passado, conforme apontado pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). A situação se agravou entre os meses de outubro de 2020 a janeiro deste ano, período em que 18 estados registraram baixo estoque do remédio. Seis desses estados estão na região Nordeste, mas Sergipe não consta nessa lista.  

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), não há falta de nenhum tipo de medicamento em Sergipe atualmente. Em Aracaju, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a última remessa de medicamentos para o tratamento de pessoas com hanseníase foi enviada ao município no dia 29 de janeiro passado. A pasta informa que todos os pacientes beneficiados pelo tratamento na capital já contam com a disponibilidade do remédio em suas Unidades Básicas de Referência. Atualmente, o município atende a 40 usuários cadastrados para receber tratamento de hanseníase. 

Distribuído pelo Ministério da Saúde (MS), o medicamento segue em falta nos estados nordestinos do Ceará, Maranhão, Paraíba, Bahia, Pernambuco e Alagoas. Somente no estado cearense, pacientes de três municípios sofrem com a falta da PQT. 

Conforme divulgado pelo Morhan, o Brasil é o país com a maior incidência de hanseníase no mundo, com taxa de aproximadamente 13 novos casos para cada 100 mil habitantes, segundo dados do Ministério da Saúde de 2019, ano em que foram registradas 27,8 mil notificações de novos casos.

O cenário da doença tem piorado com o passar dos anos, principalmente em função do subdiagnóstico, apontado pelo Movimento. “Com a desorganização dos serviços de saúde pela pandemia de covid-19, o Brasil tem diagnosticado muito menos casos de hanseníase do que deveria”, alerta o Morhan. 

Em novembro do ano passado, a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) emitiu uma nota informativa na qual detalhou o posicionamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a situação. Segundo a nota, a OMS se declarou ciente da falta de PQT no Brasil desde agosto de 2020, e também disse que a quantidade solicitada pelo país era suficiente para tratar os pacientes do ano passado. Por outro lado, a organização também pontuou haver problemas no envio do medicamento para o país, e também com o suprimento de antibióticos da PQT, do fornecedor para a OMS. Naquela época, a entidade informou que seria feito um novo envio dentro de 10 dias, para diminuir os impactos causados pela falta do remédio. 

Sobre a doença

Hanseníase é uma doença infecciosa que afeta a pele e os nervos. Com o tratamento adequado, a partir da medicação e acompanhamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em unidades de saúde de todo país, a doença tem cura. A transmissão se dá pelo contato próximo e prolongado com pessoas sem tratamento afetadas pela doença na sua forma multibacilar. A partir do início do tratamento, ela deixa de ser transmissível. 

São sinais da doença

Manchas esbranquiçadas, amarronzadas e avermelhadas na pele, com mudanças na sensibilidade à dor, térmica e tátil. Sensação de fisgada e formigamento ao longo do trajeto dos nervos dos membros. Perda de pelos em algumas áreas e redução da transpiração. Pele seca, inchaço nas mãos e nos pés, inchaço e dor nas articulações, redução da força muscular nos locais em que os nervos foram afetados, além de dor e espessamento dos nervos periféricos. Também são sinais da doença caroços no corpo, olhos ressecados, feridas, sangramentos e ressecamento no nariz, bem como febre e mal-estar geral, feridas nas pernas e nos pés e nódulos avermelhados e/ou doloridos espalhados pelo corpo.