Janeiro Branco: Pesquisas apontam aumento nos casos de depressão na pandemia

Os reflexos desse período pandêmico nos aspectos emocional e psicológico dos brasileiros têm sido objeto de estudo de diversos pesquisadores e os resultados não são animadores. O trabalho “Intolerância à incerteza e saúde mental no Brasil durante a pandemia de Covid-19”, dos pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Diogo Conque Seco Ferreira, Walter Lisboa Oliveira, Zenith Nara Costa Delabrida, André Faro, Elder Cerqueira-Santos, apontou que as mulheres entrevistadas apresentaram maior probabilidade de estresse, ansiedade e depressão nesse período. 

"As diferenças fisiológicas e socioeconômicas e o recente aumento no papel das famílias chefiadas por mulheres podem contribuir para a explicação desses resultados, considerando ainda o forte impacto econômico da pandemia de Covid", verificou o estudo, cuja amostra foi 924 moradores de Sergipe. O grupo foi contatado por mensagens em redes sociais e preencheu um questionário online.

Ainda conforme o trabalho, os entrevistados mais jovens também demonstraram uma chance maior de manifestar depressão, ansiedade e estresse. A pesquisa identificou que a angústia na gestão do trabalho e as responsabilidades escolares são fatores relevantes que impactam a saúde mental desse grupo. 

Pesquisa da Fiocruz também estuda sintomas de doenças e mentais e mudança de comportamento no meio da pandemia 

Conforme os resultados preliminares da pesquisa  “Depressão e Ansiedade entre trabalhadores essenciais do Brasil e da Espanha durante a Pandemia de Covid-19: uma pesquisa pela Web”, da Fiocruz, os sintomas de depressão e ansiedade são maiores entre os trabalhadores de serviços essenciais do Brasil, atingindo 55% do total. 

Segundo o estudo, mais da metade deles — 27,4% do total de entrevistados — sofre de ansiedade e depressão ao mesmo tempo. Além disso, 44,3% têm abusado de bebidas alcoólicas; 42,9% sofreram mudanças nos hábitos de sono; e 30,9% foram diagnosticados ou se trataram de doenças mentais no ano anterior A pesquisa foi coordenada pela Fiocruz e feita em parceria com outras instituições. 

A Fiocruz destaca ainda que, em tempos normais, a Ciência tem ressaltado que um estilo de vida pouco saudável tende a aumentar os problemas na saúde mental. Num contexto pandêmico que estamos vivenciando, as mudanças bruscas do estilo de vida vêm acontecendo de várias formas em muitos países a partir do isolamento social em larga escala. Essas mudanças podem piorar a saúde mental causando problemas como depressão e ansiedade, além de dependência de álcool e outras drogas. 

Importância do Janeiro Branco

Se já num panorama normal o tema da saúde mental deve ser pautado, num contexto pandêmico é ainda mais relevante. Assim como a Campanha Outubro Rosa, que acende o debate sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama, e da Campanha Novembro Azul, que promove uma conscientização sobre o câncer de próstata, no  “Janeiro Branco” o objetivo é chamar a atenção da sociedade para as questões e necessidades relacionadas à saúde mental e emocional das pessoas. 

 

Esse período do ano foi escolhido porque, em termos simbólicos e culturais, as pessoas estão mais propensas a pensarem em suas vidas, em suas relações sociais, em suas condições e sentidos de existência, e em suas emoções.

A campanha foi idealizada pelo psicólogo mineiro Leonardo Abrahão, e ganhou vida em janeiro de 2014, quando psicólogos(as) de Uberlândia(MG) foram às ruas, às instituições e aos veículos de imprensa da cidade para falarem sobre “Saúde Mental”, “Saúde Emocional”, “sentido de vida”,“qualidade de vida” e “harmonia nas relações humanas”. 

O Janeiro Branco promove palestras, oficinas, cursos, workshops, entrevistas midiáticas, caminhadas, rodas de conversa em prol da conscientização da saúde mental. Em janeiro de 2021, por causa da pandemia do Covid-19, a campanha tem priorizado espaços abertos e meios online. Para saber mais e acesse o site da campanha.