Linda Brasil defende o respeito ao nome social: "negar a nossa identidade também é transfobia"

Durante o programa Comando das 12, do Portal Fan F1, a vereador Linda Brasil comentou sobre um projeto de lei de sua autoria que foi aprovado na Câmara Municipal de Aracaju, que tem como objetivo mudar o nome da atual Rua Q para Rua Laysa Fortuna, a mulher transexual, morta no ano de 2018, vítima de intolerância.

Em sessão na Câmara a propositura teria sido questionada pelo vereador Fábio Meireles, que defendeu a o uso do nome de registro da homenageada, possibilidade essa que, segundo Linda, corrobora para a deslegitimação da identidade de pessoas transexuais.

“Já existem legislações e portarias que garantem o respeito ao uso do nome social. É a falta desse respeito que gera tantas exclusões e violências. Quando acontece conosco, pessoas transexuais, tudo é mais difícil, de forma a barrar até uma homenagem, uma pessoa que não está mais entre nós. A minha indagação foi o fato dele ter exposto o nome de registro de Laysa Fortuno, o nome social corresponde o princípio da dignidade humana, ao expor o nome de registro você deslegitima a identidade de gênero da pessoa trans. É uma atitude que eu não consigo compreender”, disse a parlamentar.

Na entrevista, Linda lembrou da própria trajetória para garantir o respeito ao nome social e caracterizou o problema como “estrutural”.

“Quando entrei na Universidade Federal de Sergipe aos 40 anos, depois de ter entrado na prostituição e ter me fingido de morta para sobreviver, o professor da universidade se negou a usar meu nome social. Eu fiz uma denúncia e abri um processo administrativo, e essa denúncia acabou gerando uma portaria que regulamentou o uso do nome social, e partir daí me conscientizei da importância do respeito ao nome social. A transfobia como machismo e racismo são estruturais, as pessoas reproduzem diariamente, pois certos comportamentos são naturalizados. Negar a nossa identidade também é transfobia”, completou.

Fonte: Fan F1